Existe alguma relação entre ciência e arte? Qual?
1o Lugar no Desafio de Agosto:
"20 Minutos de Inspiração"
Bioqmed/URFJ - 27/08/08
quinta-feira, 21 de agosto de 2008
"A coisa mais bela que podemos experimentar é o mistério. Essa é a fonte de toda arte e ciência verdadeiras"
Chamo de mistério o encantamento ante o desconhecido. O mistério instiga a mente e nutre a curiosidade, causa deslumbre. Este deslumbramento é a fonte da qual bebem a ciência e a arte, sempre atraídas pela mesma isca: a curiosidade. Sempre movidas pelo mesmo motor: a criatividade.
A ciência se motiva em revelar o desconhecido. Tem a fama de buscar as respostas finais, conclusivas e desmistificantes. Ela desafia o mistério e se propõe a esclarecê-lo, domesticá-lo, controlá-lo: desvendá-lo. Quando o desconhecido perde seu tom de segredo, a ciência busca novo alvo a ser desafiado e, se possível, vencido. A arte rende-se ao mistério: alimenta-se dele, cresce com ele, amplifica-o, torna-o mais atraente e intrigante. Muitas vezes a arte vê mistério e beleza onde a ciência não os vê. No entanto, a ciência trás à tona mistérios que permitem a arte a sonhar livremente. Ambas têm a sede das perguntas, se encantam com as questões e discursam sobre as possibilidades.
Os instrumentos de um cientista são intricados, tão elaborados e tão repletos de detalhes que se aproximam às ferramentas de um artista. Uma imagem científica (diagrama de uma molécula, mapa de uma galáxia) pode ter tanta riqueza de cor e forma quanto um quadro impressionista. Preparar uma análise espectral ou esculpir um alto-relevo exige do homem habilidade, cuidado e precisão. Um relógio pode ser um instrumento de medida e ao mesmo tempo uma obra de arte. Um relógio encanta o colecionador independente de sua missão de "dizer" que horas são. Tanto as ciências como as artes necessitam de perícia e técnica para criar seus caminhos através do encantamento e do mistério.
Não raro, arte e ciência se cruzam qual navios no nevoeiro. Com freqüência se tocam; trocando impressões, imagens e idéias. Dos seus encontros mais próximos e profundos surgiu a ficção científica. Neste gênero, temas universais se expressam em linguagens muito singulares. A fronteira do desconhecido é uma espécie de zona do crepúsculo que atrai a ciência e a arte por motivos próprios. Por caminhos distintos, ambas se encontram nestes redemoinhos de dúvidas, paradoxos e questionamentos. Aí a arte fala da ciência e vice-versa, cada qual a sua maneira. Ciência e arte trocam chuvas de inspiração que regam suas colheitas de idéias. As idéias são adubo, semente e fruto destes dois terrenos férteis da mente humana.
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